Na postagem interior, foi comentada a incrível semelhança entre as paisagens do Rio de Janeiro e as reproduções digitais destes cenários para a animação Rio, de Carlos Saldanha. Dessa forma, dá-se prosseguimento ao tema através de alguns dos chamados "artistas viajantes", que produziram pelas regiões do Brasil principalmente entre os séculos XVII e XIX.
Dentre estes artistas, destacam-se aqui as produções da
Missão Artística Francesa:
Missão Artística Francesa:
A invasão da península ibérica por Napoleão fez com que a Coroa portuguesa partisse para o Brasil em 1808. Ao chegar, D. João VI decretou uma série de medidas econômicas e políticas que mudaram a organização social do Brasil. A família real preocupava-se, ainda, em europeizar o Rio de Janeiro. Posteriormente, a queda de Napoleão propiciou a retomada dos laços culturais entre a França e Portugal. À convite da Corte portuguesa, veio ao Rio de Janeiro a Missão Artística Francesa, chefiada por Joaquim Lebreton, e composta por um grupo de artistas plásticos. Dela faziam parte os pintores Jean-Baptiste Debret e Nicolas Antoine Taunay, os escultores Auguste Marie Taunay, Marc e Zéphirin Ferrez e o arquiteto Grandjean de Montigny. Esse grupo organizou, em agosto de 1816, a Escola Real das Ciências, Artes e Ofícios, transformada, em 1826, na Imperial Academia e Escola de Belas-Artes.
Durante os cinco anos em que aqui permaneceu Taunay, o pintor produziu cerca de trinta paisagens do Rio de Janeiro e regiões próximas:
Nicolas-Antoine Taunay. Vista do Morro de Santo Antônio, 1816 |
Debret. O entrudo no Rio de Janeiro, 1823. |
Debret, por sua vez, realizou no Brasil uma imensa obra . Fez vários retratos da família real, aquarelas e desenhos sobre o cotidiano da cidade, retratando as atividades dos escravos, dos grupos indígenas e, também, sobre os fatos da vida da Corte. Pintou cenários para o Teatro São João (atual João Caetano) e realizou trabalhos de ornamentação da cidade do Rio de Janeiro, para festas públicas e oficiais, como a aclamação do rei D. João VI. Além disso, foi professor de pintura histórica na Academia de Belas-Artes, tendo permanecido no Brasil durante quinze anos. Um de seus trabalhos mais conhecidos é o livro "Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil", publicado em três volumes.
Desembarque da Princesa Real Leopoldina, de Jean-Baptiste Debret. |
As viagens de cientistas, artistas e estudiosos tiveram um grande estímulo a partir de 1817, com o casamento da princesa Leopoldina, filha do imperador da Áustria, com D. Pedro. O grande interesse de D. Leopoldina pelas ciências naturais e pelas artes fez com que, em seu séquito, viesse uma enorme missão de cientistas e artistas europeus para explorar esse “país desconhecido”.
Integrando a comitiva da princesa também encontra-se o pintor austríaco Thomas Ender, que viajou pelo interior do Brasil, retratando paisagens e cenas da vida do povo, em Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Ender permaneceu no Brasil por 18 anos, período em que produziu mais de 800 desenhos e aquarelas.
Finalizando, fica aqui mais uma sugestão de análise de imagens, priorizando a comparação das paisagens retratadas pelos artistas viajantes no passado e os atuais cenários do Rio de Janeiro. Esta cidade foi escolhida pelo vasto material produzido desde que foi estabelecida como centro político-administrativo do império português - e posteriormente brasileiro -, mas outras regiões também foram retratadas e estudadas da mesma forma. Ademais, a atividade torna-se mais interessante se, além de fotografias e videos, utilizarem-se as imagens geradas para a animação já citada, com a exibição do filme antes de iniciarem-se os trabalhos, ou durante as produções do alunos. A seguir, mais algumas obras de outros artistas estrangeiros:
Clik nas imagens deste post para obtê-las numa resolução maior.