quinta-feira, 14 de maio de 2009

A criação do Estado de Israel

14 de maio de 1948. Há 61 anos, foi criado o único estado judeu existente no mundo. A data de hoje é oportuna para discorrer sobre um conflito que frequentemente é visto na mídia mas, diferentemente da maioria das informações oriundas desta fonte, é apresentada de maneira confusa e passível de críticas.
Valendo-se do debate sobre abordagens políticas do tema (entre outras discussões), este é um assunto muito interessante para ser aplicado nas aulas de História, Geografia e, dentro da realidade da rede de ensino, na aula semanal de Ensino Religioso.

A Declaração de Independência do Estado de Israel foi escrita na madrugada do dia 13 para o dia 14, por David Ben-Gurion (líder do povo israelense), numa ocasião em que o novo país poderia tornar-se real, ou ser destruído. Na vizinha Jordânia, o rei Abdullah encabeça uma aliança de cinco países árabes determinados a impedir o nascimento de Israel. O Império Britânico, que havia feito o papel de pacificador nos últimos 30 anos, no dia 15 deste mesmo mês colocaria fim no Mandato Britânico na Palestina. Além disso, Ben-Gurion desafiava a ONU, que tinha seus próprios planos para a região. Entretanto, com o apoio do presidente norte-americano Truman, Israel podia ter uma chance de sobreviver - o que, no momento da escrita da Declaração, não era uma certeza.
Seis meses antes, as Nações Unidas tentavam encontrar uma solução política para a antiga questão da divisão da Palestina. Os planos seriam que o Estado judaico incluiria os portos de Haifa e Tel Aviv e todo o Vale de Negev; os árabes ocupariam a porção fértil oriental; e, finalmente, a cidade de Jerusalém ficaria sob jurisdição da ONU. Assim, os 65% dos palestinos que povoavam a região ficariam com apenas 40% da terra, desagradando o lado árabe, que pegou em armas e deflagrou uma guerra civil entre ambos os lados.
Em 12 de maio de 1948, em Tel Aviv, Ben-Gurion e seu gabinete, decidiram contra um cessar-fogo com os árabes, proposto pelos EUA. No dia 14, uma multidão se reúne em frente ao museu de arte de Tel Aviv e, em seu interior, o Conselho do Povo Judeu mais 300 testemunhas assitem a leitura, por Ben-Gurion, da Declaração de Independência do Estado de Israel.
Neste mesmo dia, no Ocidente, o presidente Truman responde aos apelos dos judeus e assina o reconhecimento do Estado de Israel e, assim como no texto da Declaração, não menciona nenhuma fronteira. Com o posicionamento dos EUA, outros países seguem a orientação e Israel torna-se uma realidade para o mundo.
Com o fim deste capítulo da história da Palestina, outro se inicia: para centenas de milhares de palestinos, o exílio está apenas começando e o rei Abdullah cumpre sua promessa de tentar destruir o novo país e inicia-se a Guerra da Independência (ou Guerra árabe-israelense de 1948). Entretanto, agora como um Estado, Israel pode comprar material bélico e acaba por vencer esta guerra. Desde o início da guerra civil, mais de 300 mil palestinos nunca retornaram às suas casas, e o mesmo padrão de conflito persiste até os dias atuais.

Voltando ao plano didático, em primeiro lugar, devemos estar atentos à nossa realidade: se a região em que se leciona não apresenta muita diversidade religiosa, é bem provável que os alunos não tenham conhecimento prático sobre o que seria um judeu ou o judaísmo. Assim, pode-se aproveitar essa falta para apresentar aos alunos as origens das práticas monoteístas. Os mapas ao lado podem ser muito úteis para se explicar a trajetória dos hebreus: sua migração de Ur à Palestina, a escravidão no Egito, o retorno e a posterior separação entre os reinos de Judá e Israel e, finalmente, a diáspora causada pela invasão romana.

Nesta oportunidade ainda de pode avançar e discutir sobre origens e sincretismos de outras religiões monoteístas, destacando o cristianismo e o islamismo.

Finalmente, após esclarecimentos sobre religião judaica e seus seguidores, é possível usar estes outros mapas para se discutir o conflito entre palestinos e israelenses, através da história da criação do Estado de Israel.
É importante, antes de se trabalhar o mapa, que fique claro para o aluno a localização geográfica do Estado de Israel, o que pode ser feito com um mapa-múndi. Esse procedimento se faz necessário para que esse conhecimento se aproxime do concreto, o máximo possível.
Para um leitura do mapa, deve-se solicitar aos alunos distinguirem as divisões através das cores. Espera-se ficar claro que a área destacada em verde corresponde à região do Estado criado em 1948, ainda com capital em Tel Aviv; entretanto, a área vermelha, composta por Colinas de Golã e Cisjordânia, em que Jerusalém inicialmente seria uma "cidade internacional" administrada pelas Nações Unidas, foi ocupada por Israel na década de 60.
Aproveitando-se dos eventos bélicos recentes, falta ainda aos alunos identificar a Faixa de Gaza, região densamente povoada por palestinos e que possui autonomia limitada.

A partir daí - escrevo por experiências próprias - naturalmente se abre um espaço em que os alunos discutem sobre qual povo realmente tem direito a esse região historicamente conflituosa. Uma boa prática seria retornar ao conhecimento das origens das religiões monoteístas e fazê-los refletir sobre o fato de ocorrer uma guerra, nomeadamente religiosa, entre dois povos que - liturgias e rituais à parte - cultuam o mesmo Deus.

2 comentários:

Anônimo disse...

Gostei muito, está claro e de fácil utilização. Continue postando assuntos que possam ajudar sairmos da mesmice.

Tania disse...

Achei muito interessante seu texto. sou professora e estou fazendo um projeto com jogos africanos e gostei muito do seu blog, aprendi muito com ele.
Continue partilhando conhecimentos conosco.
Parabéns!