Informações baseadas nas vídeo-aulas do Prof. Ulisses Araújo (USP) para o curso de Especialização "Ética, valores e cidadania na escola" (EVC - USP/Univesp).
O termo "entre os muros da escola" é muito utilizado quando se pretende criticar o já ultrapassado método de ensino baseado num ambiente fechado, com carteiras ou mesas enfileiradas e, na maior parte das vezes, alheio à realidade presente nas localidades em que se encontra a estrutura física de uma unidade escolar.
De acordo com o Prof. Ulisses Araújo (USP), "a escola necessita ampliar os espaços educativos, incorporando os recursos da cidade e, prioritariamente, de seu entorno no desenvolvimento de projetos que contemplem a comunidade como espaço de aprendizagem." Assim, faz-se importante o conhecimento dos problemas e benefícios existentes no bairro, aproximando comunidade e escola, de forma que o conhecimento produzido em seu interior não seja considerado à parte da realidade presente ao seu redor.
Uma das formas utilizadas para aproximar a comunidade é abrir os portões da escola aos finais de semana para promover oficinas, esportes, palestras e oferecer serviços de utilidade pública. É uma prática positiva, mas não pode esgotar-se em si. Se tal prática não levar em consideração o currículo da escola, acaba por se tornar uma espécie de "clube", pois mesmo com a presença de educadores, estas atividades não têm relação com o cotidiano da escola durante a semana.
Dessa forma, uma prática positiva seria oferecer atividades que foram iniciadas em sala de aula e ampliadas para a comunidade ou, num caminho inverso e complementar, atividades podem ser desenvolvidas na escola aberta e posteriormente trazidas à sala de aula, de forma a contemplar a interdisciplinaridade transversal.
Além disso, esse movimento pode ampliar-se ainda mais, com a programação de trabalhos de campo com os alunos nos arredores do bairro. Um passeio com anotações, fotografias, filmagens e outros registros feitos pelos próprios alunos, trazidos à sala de aula para identificar os problemas e discutir formas de interferências positivas, construindo conhecimento, beneficiando a comunidade e incentivando o protagonismo juvenil.
Fonte: webdig |
Projetos desse tipo não são fáceis de se planejar e se realizar. Portanto, a escola deve buscar parcerias e promover debates que permitam a ampliação do espaço educativo de maneira democrática e eficaz. Uma prática, nesse sentido, é o Fórum escolar de Ética e de Cidadania (proposto pelo MEC), que tem como papel essencial articular os diversos segmentos da comunidade escolar e não-escolar, que se disponham a atuar no desenvolvimento de ações mobilizadoras em torno das temáticas de ética, democracia e cidadania no convívio escolar, focando de forma específica quatro eixos de atuação: ética, convivência democrática, direitos humanos e inclusão social.
Sua composição deve ser a mais aberta possível: professores, alunos, funcionários, diretores, familiares, membros da segmentos como igrejas, comércio, saúde, segurança, líderes comunitários etc.
Neste fórum, podem ser propostos temas dos projetos interdisciplinares e transversais, prepar-se os recursos materiais para o desenvolvimento das ações e continuamente avaliar as ações em desenvolvimento. Ações estas que atuam junto à direção da escola e aos membros da comunidade para garantir os espaços e os tempos necessários ao desenvolvimento dos projetos, buscando garantir recursos que permitam a aquisição de materiais necessários e interagindo com especialistas em educação e pesquisadores que possam contribuir com o melhor desenvolvimento das ações planejadas. Ademais, articular parcerias com outros órgãos e instituições governamentais e não-governamentais (ONGs), que possam apoiar as ações do projeto e a criação de propostas, promove o enriquecimento dos trabalhos e incorporam os recursos disponíveis no bairro e até mesmo na cidade.
Eduardo Carvalho
Pólo de Praia Grande
Eduardo Carvalho
Pólo de Praia Grande
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