terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Saúde na escola, é saúde do professor

Informações baseadas nas vídeo-aulas do Prof. Li Li Min e da Profª Paula Fernandes (Unicamp), para o curso de Especialização "Ética, valores e cidadania na escola" (EVC - USP/Univesp).

Dentre as principais causas de morte nas faixas etárias mais jovens, a maior parte se refere a fatores externos, o que dificultam as ações pontuais, devido à inexatidão ao se definir tais fatores. Porém, entre o grupo dos idosos, é certo que a principal causa dos óbitos refere-se à problemas cardiovasculares. Dessa forma, torna-se importante cultivar hábitos saudáveis na juventude; e aqui se encontra mais um dos papéis da escola na formação humana de nossos educandos.

Nos dias atuais, percebem-se problemas de saúde que não são recentes, mas agora estão mais visíveis e em maior quantidade. Por exemplo, a má alimentação, com falta de nutrientes e excesso de compostos nocivos a longo prazo, estão causando  distúrbios alimentares ainda na infância; assim como as exigências da sociedade e controle da mídia no que diz respeito à beleza estão fazendo aumentar os casos de anorexia nervosa, principalmente entre as adolescentes.
Da mesma forma que esses fatores se fazem presentes devido aos modos de vida contemporâneos, é preciso rever alguns deles em novas abordagens, principalmente no que se refere à afetividade e a sexualidade, pois, vividas sem orientação, aumentam os casos de DSTs e - mais presente no cotidiano escolar - a gravidez na adolescência.
Ao se preocupar com a saúde na escola, também é necessário prestar atenção à ampliação das formas de violência escolar, seja ela praticada de forma física ou psicológica (casos de bullying) ou até mesmo situações de porte de armas entre os alunos, bem como a distribuição e o consumo de substâncias psicoativas ("drogas") entre os estudantes.

Todos esses problemas ainda sofrem interferência de abordagens por parte dos meios de comunicação (que influenciam o comportamento de alunos e seus pais), do stress gerado mesmo na infância pelo excesso de atividades e cobranças e, mais recentemente, casos de depressão entre os mais jovens, fator relevante, mas que às vezes passa despercebido.

Radiografia, de Roberto Weigand
Portanto, cuidar da saúde na escola não se restringe mais a visitas de clínicos, odontólogos ou oftalmologistas, mas também estar atento a fatores que impedem o bem estar físico e mental de nossos educandos. Entretanto, como cuidar da saúde dos alunos se a própria saúde do professor não vai bem?
A profissão docente gera vários desgastes físicos e emocionais que, devido aos compromissos e necessidades do ser humano professor, são deixadas de lado ou apenas remediados para se suportar mais um dia de trabalho. É neste ponto que se encontra a dificuldade em manter a saúde não só do professor, mas de qualquer pessoa: não fazer exames preventivos, não cultivar hábitos saudáveis e não preservar nosso corpo de injúrias.

Dentre as principais causas de problemas de saúde do professor, estão as que se referem à voz, à postura e ao strees.
A saúde vocal é de extrema importância para o profissional do magistério, por ser o principal instrumento de comunicação com seus alunos. Projetar a voz com mais força para tentar vencer ruídos internos e externos só vão resultar em afastamentos por receita médica. É necessário cuidar da voz o tempo todo, tomando cuidado com a respiração, a projeção (timbre, direção, postura) e articulando bem a fala, como se fosse um alto-falante que precisa ser bem direcionado aos seus ouvintes.
Outra grande reclamação docente origina-se na situação da saúde postural, a conhecida "dor nas costas". Para mantê-la de forma satisfatória, faz-se necessário um alongamento antes das aulas, procurar não usar um ângulo maior que a própria altura para escrever no quadro e sempre preocupar-se em manter uma postura adequada (chamada de fisiológica), dentre outros cuidados necessários a quem passa várias horas em pé e por vezes se curva ou agacha para manter contato próximo com os alunos.
Relacionado também à falta de saúde do professor está o stress, que pode ser definido como a reação do organismo com componentes físicos  e psicológicos; situação que causa medo, confusão ou até certa felicidade. Das três fases do stress (alerta, resistência e exaustão), a gravidade reside quando se chega à última, também conhecida como síndrome de burnout: exaustão emocional, avaliação negativa de si mesmo, depressão e insensibilidade com relação a quase tudo e todos. Das causas para esses males estão a sobrecarga quantitativa, falta de tempo e recursos, além do sistema deficitário do ensino. Entretanto, a principal fonte de stress vem da maneira como as pessoas interpretam e respondem às situações: restaurar a dimensão coletiva do trabalho, manter a calma, controlar a ansiedade, buscar os pontos positivos das situações, focalizar no que pode ser feito, não desenvolver dependências, ser flexível, praticar exercícios físicos, cuidar da própria esfera (pessoal, profissional, acadêmica), colaborar para um ambiente de trabalho agradável, não desanimar e buscar prestígio são dicas de como enfrentar o stress do(a) profissional docente.

Eduardo Carvalho
Pólo de Praia Grande

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