
Fazendo referências a nomes conhecidos de imperadores romanos, Caio Júlio é um imperador fictício que, em 200 a.C., ao fugir de uma rebelião, entra acidentalmente numa máquina do tempo e vai parar no Rio de Janeiro de 1820 – como diria Manuel Antônio de Almeida: “Era no tempo do rei...”. E o imperador, também pertencente ao passado, estranha o que para ele seria o futuro; porém, para as leitoras, os dois contextos pertencem ao passado.
A partir daí, desenrola-se uma discussão sobre a comunicação. O imperador está aflito para enviar uma mensagem às suas tropas, mas percebe que está distante deles no tempo e no espaço. Buscando fugir disso, realiza várias viagens no tempo (Londres, 1870; Nova York, 1901...) As pessoas que ele encontra, mesmo sem nada entenderem, procuram ajudá-lo com os meios de comunicação existentes em cada época. E neste contexto, sempre estão presentes as observações das leitoras, que frequentemente param a leitura para discutir a situação do imperador.
A viagem continua até que o protagonista consegue voltar para Roma, mas na nossa época contemporânea. Assim, o personagem entra em contato com o que há de mais moderno em comunicação (internet, televisão, celular etc.) e percebe que a cada viagem as formas de comunicação parecem ser mais rápidas, o que causa a percepção de que o espaço também ficou menor. A história ainda abre espaço para orientações acerca do uso consciente da eletricidade, num recurso educacional do livro.
Portanto, este livro permite diversos tipos de trabalhos e discussões com os alunos sobre as mudanças e permanências no decorrer da História, passando visões não só de personagens contemporâneos a nós – as irmãs – como também a percepção disso tudo para alguém que não conhece a História posterior à sua época – o que seria o caso do imperador. Além disso, considerando que vivemos num tempo em que as comunicações são praticamente instantâneas e que as distâncias quase se anulam, os alunos tem uma oportunidade para refletir sobre o fato de que toda essa velocidade e facilidade é algo recente, e que o ser humano sempre enfrentou dificuldades com as comunicações, mas sempre buscou soluções para torná-las mais velozes, eficientes e de uso cada vez mais simples e acessível.
Por Eduardo Carvalho de Almeida
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