quinta-feira, 28 de junho de 2012

O papel do Professor ao longo da trajetória escolar

Texto baseado nas vídeo-aulas da Profª Silvia Colello (Faculdade de Educação USP), para o curso de Especialização "Ética, valores e cidadania na escola" (EVC - USP/Univesp).

Atualmente, o indivíduo comumente chamado de educando, mesmo de forma inconsciente, precisa desenvolver inúmeras habilidades: criticidade, responsabilidade, criatividade, inserção social, consciência, ética, competência, profissionalização, autonomia etc. Além disso, no decorrer desse processo, pesam diversos fatores (externos ou internos à sala de aula): intolerância, DSTs, corrupção, violência, gravidez precoce, marginalidade, drogas, alcoolismo etc.
De forma geral, este indivíduo não tem completa noção dessas responsabilidades e não percebe o quanto pesam os estímulos da sociedade. Diante dessa complexa situação, o Professor se vê frente a um aparente paradoxo: instruir ou educar? Tais ações são complementares, mas tornam-se excludentes "quando a Educação se submete ao ensino" - de acordo com as afirmações da Profª Silvia Colello (FEUSP). Nesta modalidade, já obsoleta mas ainda muito praticada, acredita-se que a somatória de todos os saberes resulta num indivíduo educado. Atualmente, a prática mais aceita requer que o ensino se submeta à Educação, quando se desenvolve um projeto educativo em função do qual todos os saberes se justificam.
Este Projeto - complementado pelos termos "Político" e "Pedagógico" (PPP) - pertence à macro esfera e necessita de uma sintonia entre a escola e a sociedade, contida nas situações cotidianas da escola (as chamadas micro esferas). Tal projeto, portanto, busca os principais objetivos da Educação, a saber: desenvolvimento, aprendizagem, personalização, socialização, humanização, libertação, entre outros.

De maneira geral, os PPPs das escolas brasileiras contêm orientações de estudo, ações contra drogas, recuperação contínua, orientação sexual, adaptações de ciclo etc. De qualquer forma, toda ação educativa deve caminhar junto à trajetória escolar, perpassando o questionamento sobre o que a escola representa para o aluno e qual o papel do Professor nas sucessivas etapas da escolaridade.
Na Educação Infantil, para os pequenos educandos, a escola aparece como espaço do brincar. É o período de adaptação, ampliação das referências, dos saberes, das linguagens e das relações. Aqui, segundo a Profª Colello o papel do Professor é de investimento nas esferas afetiva, funcional, cognitiva, linguística e de ajustamento pessoal. Nos primeiros anos da Educação Fundamental, as crianças já veem a escola como espaço do aprender. Auto conceito, motivação para aprender, adaptação ao ritmo da escola, novos critérios de convivência social são necessários nesta fase, e cabe ao Professor o apoio funcional, fortalecimento do vínculo com o saber, estimulação dos valores que regem a convivência social. A escola como espaço plural é percebida nos anos seguintes, onde se deve desenvolver o auto conceito acadêmico, aprender a aprender, a organização, a autonomia e a disponibilidade para lidar com dificuldades. O fortalecimento da relação aluno-escola pelas dimensões afetiva, metodológica, funcional, cognitiva e social faz parte do ofício do Professor.
No segundo ciclo do Ensino Fundamental (até o 9º ano) a escola localiza-se entre tantos outros mundos disponíveis ao educando, enquanto no Ensino Médio este indivíduo encontra-se entre o reconhecimento da escola e a disponibilidade para investir na aprendizagem Lidar com crises, conflitos, projetos de vida, cobranças de desempenho, opção profissional, autonomia, redefinição da identidade e de valores fazem parte de sua evolução enquanto cidadão, e aqui o Professor aparece para fornecer apoio, orientação, sensibilização, conscientização sobre aspectos da vida e responsabilidade social.
Calvin & Hobbes, de Bill Watterson (19-11-1993).
Assim, esse processo evolutivo (institucionalização - escolarização - preparação para a vida social) deve ser considerado nas ações educativas ao longo da trajetória escolar. Identificar e agir em falhas nesse desenvolvimento pode contribuir no ofício do Professor e na formação do educando enquanto cidadão.


Eduardo Carvalho
Pólo de Praia Grande