quinta-feira, 5 de julho de 2012

Desenvolvimento e educação de pessoas com NEE: modelos de ensino

Texto baseado nas vídeo-aulas da Profª Kátia Amorim (USP de Ribeirão Preto) e Profª Cláudia Helena Yazlle (Cindedi / USP-RP), para o curso de Especialização "Ética, valores e cidadania na escola" (EVC - USP/Univesp).

Fonte: Jurisciência
A presença de alunos com necessidades educativas especiais (NEE) nas escolas regulares já é uma realidade, mesmo com todos os problemas estruturais e procedimentais ainda existentes. Diante do fato, a complexidade da educação desses alunos pode ser amenizada, em alguma medida nas deficiências sensoriais, com o uso de recursos tecnológicos e profissionais: para as crianças e jovens considerados cegos, existe o recurso da escrita Braille e os amplificadores visuais para aqueles com alguma deficiência deste tipo. A Língua Brasileira de Sinais (Libras) é o recurso mais utilizado para os surdos, além dos amplificadores de som (aparelhos auditivos) para o que tem baixa audição. A informática também contribui para essa amenização, principalmente para os deficientes físicos, que também necessitam do uso de cadeiras especiais.
Até aqui, discorreu-se apenas sobre as deficiências sensoriais, pois o assunto torna-se ainda mais complexo quando se fala das pessoas com déficit intelectual ou transtornos de natureza mental. Entretanto, para todos os casos já citados, é preciso recuperar a complexidade humana e seus processos desenvolvimentais, no caso, com a plasticidade cerebral, ou seja, a propriedade do sistema nervoso que permite o desenvolvimento de alterações estruturais e funcionais (capacidade adaptativa).
O potencial para a recuperação funcional depende de inúmeros fatores: idade do indivíduo (muito maior em crianças do que em adultos), local, tempo e natureza da lesão. Existem lesões potencialmente recuperáveis, mas, para tanto, necessitam de objetivos precisos de investimento. Assim, não se pode fazer um diagnóstico genérico do quadro, mas deve-se conhecer o indivíduo particularmente.
Fonte: Refrescante
O desenvolvimento dos alunos com NEE também depende do papel fundante do meio (escola) e do outro: professores, em parceria com a família no processo de mediação da criança, na identificação das dificuldades, no desenvolvimento de habilidades, na descoberta de potenciais, no respeito às especificidades.

A Pedagogia está em constante movimento: mudanças na legislação, nas relações culturais e sociais, demandas de mercado, novas funções sociais e concepções de escola. Tudo isso influi na formação e identidade profissional dos docentes, considerando a diversidade e aprendizagem diante de seus novos paradigmas: integração curricular (trabalho em grupo e conhecimento amplo), o papel do coordenador pedagógico como articulador na diversidade existente e a ampliação (e esvaziamento) das atribuições da escola.
A inclusão escolar exige lidar e articular as diferenças sociais, econômicas, culturais e individuais (de desenvolvimento humano), valorizando o trabalho em equipe com toda a comunidade escolar: as famílias de crianças com NEE buscam a aceitação e acolhimento do(a) filho(a), o estabelecimento de vínculos e relações sociais, sua autonomia, independência e aprendizagem, enquanto as demais famílias ainda têm o medo da agressividade e da imitação (dos alunos com deficiência) e, ao mesmo tempo em que receiam que seus filhos "percam" em aprendizagem, muitas famílias valorizam a inclusão como princípio ético.
Os professores, diante de um aluno com NEE em sua classe, desejam estar preparados para garantir a aprendizagem, lidar com as diferenças e definir disciplina e regras nessa nova realidade. Sabe-se que esses alunos precisam ser ouvidos, ter suas capacidades e habilidades reconhecidas, suas necessidades identificadas, enquanto os demais alunos desenvolvem a curiosidade, o interesse e consequente respeito pela diferença, com regras do grupo construídas a partir de negociações e reflexões.
A escola precisa perceber o importante papel da coordenação e direção neste processo, permitindo espaços de reflexão, planejamento e avaliação permanentes, sustentar dúvidas e perguntas, além de estabelecer parcerias com outros profissionais, principalmente os profissionais de Saúde, os quais, mesmo com sua ênfase na dificuldade e deficiência (visão normalizadora, clínica e individual) e pouco conhecimento do ambiente e dos desafios escolares, são importantes parceiros no processo de inclusão, num longo caminho de correções e adaptações a ser percorrido.
Eduardo Carvalho
Polo de Praia Grande

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