quinta-feira, 5 de julho de 2012

Professor pensador, Professor autor

Texto escrito para o curso de Especialização "Ética, valores e cidadania na escola" (EVC - USP/Univesp), sobre as vídeo-aulas do Prof. Gabriel Perissé (Universidade Nove de Julho).

Em outra postagem deste blog, foi analisada a questão do Professor leitor na complexidade da constituição docente. Entretanto, sabe-se que o ato de ler leva a outras dimensões, como o pensar e a autoria. A primeira está diretamente ligada ao exercício da curiosidade, da reflexão e do diálogo com o extramental, que nos levam ao momento das decisões.
A etimologia¹ de "curiosidade" leva ao prefixo cur- (do latim, "ver") e ao sentido de "diligência em buscar uma coisa, desejo de conhecer". Assim, o Prof. Gabriel Perissé (Uninove), citando o filósofo e educador argentino Walter Kohan, aponta que "é o choque do imprevisto que nos obriga a pensar, que nos comove inteiramente, que nos deixa perplexos, que nos leva a problematizarmo-nos, a pensar o que até agora não podíamos pensar".

Pensar leva-nos a sermos autores, seja de um livro, de uma pintura, de um filme, ou mesmo de uma boa aula. Ler, pensar, ser autor permite questionar, transforma ideias em concepções e, principalmente, liberta.
Teorias pedagógicas, conteúdos, informações da mídia, material da internet e outras fontes de informações não podem ser utilizadas em sala de aula sem antes passarem pelo toque pessoal do Professor: a autonomia docente não se conquista sem um estilo de ensinar. O sociólogo e educador Pedro Demo afirma que "o mínimo que se exige é que cada professor elabore com mão própria a matéria que ministra" (citado por Perissé). "Tal elaboração será uma síntese barata, se for reprodutiva, mas será criativa, se acolher tonalidade própria reconstrutiva."
Flautista, de Roberto Weigand
Assim, quanto mais o Professor lê, mais sua curiosidade aumenta e, consequentemente, o ato de pensar fica mais elaborado, permitindo que tenha mais autonomia no seu ambiente de trabalho (principalmente em relação a seus "superiores") e crie recursos didáticos mais interessantes, com sua personalidade. Tais materiais não se restringem aos que são utilizados apenas na sala de aula tradicional: atualmente, a rede mundial permite alcançar horizontes que vão muito além, mantendo contato com alunos de forma presente ou à distância. Concluindo com metáfora um tanto distorcida, muitas vezes queremos ser como o Flautista de Hamelin, conduzindo os alunos de forma harmônica. Entretanto, o Professor que lê, pensa e cria pode até ser o condutor, mas sabe que suas aulas permitirão aos alunos desenvolver sua autonomia e fazer suas escolhas ao longo do caminho.

Eduardo Carvalho
Polo de Praia Grande

¹ Fonte: Grande Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá Eduardo,
Você conhece a Rede Educação em Foco?
A Rede Educação em Foco foi criada com o objetivo de reunir professores de vários lugares do Brasil para compartilhar experiências e promover reflexões a respeito da Educação no Brasil e no mundo.
Venha conhecer e aproveite pra divulgar o seu trabalho.
Abraços,
Equipe de Educadores
http://redeeducacaoemfoco.blogspot.com.br/