terça-feira, 1 de maio de 2012

Políticas culturais, multiculturalismo e currículo: encaminhamentos pedagógicos

Texto baseado nas vídeo-aulas do Prof. Marcos Garcia Neira (USP), para o curso de Especialização "Ética, valores e cidadania na escola" (EVC - USP/Univesp).

O Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa fornece uma acepção muito clara para o multiculturalismo: "coexistência de várias culturas num mesmo território, país etc." Aqui, o território que nos interessa é o espaço escolar. Num estudo mais amplo sobre o tema, o Prof. Marcos Garcia Neira evidencia três projetos políticos culturais: conservador (segregacionista, que reconhece a existência das diferenças, mas afirma a necessidade de uma identidade pura), assimilacionista (promove ações visando incorporar todos à cultura hegemônica) e integracionista. Nesta última, de viés intercultural (ou crítico), a cultura é concebida como espaço de conflito, de permanente construção e negociação de sentidos: a sociedade é permeada por intensos processos de hibridização cultural, o que supõe a não existência de uma cultura pura, nem tampouco de uma cultura melhor que mereça assumir para si um caráter universal.
No espaço escolar, os critérios empregados para selecionar temas, conteúdos, exemplos ou atividades (currículo) podem ser considerados como um "texto" cultural, e a decisão curricular como um ato político. Assim, o multiculturalismo faz lembrar que a igualdade não pode ser obtida simplesmente através do acesso ao currículo hegemônico.
Nesse sentido, para melhor definir os encaminhamentos pedagógicos, Neira afirma que o currículo multiculturalmente orientado prestigia procedimentos democráticos, reflete criticamente sobre as práticas sociais, promove o entrecruzamento de culturas, resiste à reprodução da ideologia dominante,  questiona as relações de poder e recorre à política das diferenças, e não da identidade hegemônica.
As práticas pedagógicas de influência multicultural utilizam-se muito da tematização para construir um conhecimento mais significativo e reconhece o patrimônio cultural da comunidade, utilizando-se de mecanismos de diferenciação pedagógica (diversificar as atividades) e defendendo a prática conhecida como pedagogia do dissenso, cujo objetivo é o diálogo entre posicionamentos de origens diversas.
Fonte: Smashing Magazine.com, arte por Julia Factor (Israel).
Assim, promover de situações didáticas que viabilizem o contato e o convívio com a diferença é o grande desafio para os educadores contemporâneos.


Eduardo Carvalho
Pólo de Praia Grande

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