Informações
baseadas nas vídeo-aulas do Prof. Ricardo Uvinha (USP), para o curso de
Especialização "Ética, valores e cidadania na escola" (EVC -
USP/Univesp).
O sociólogo francês Joffre Dumazedier define o lazer como um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregar-se de livre vontade, após livrar-se do compromisso de suas obrigações, podendo ser realizado em três dimensões: descanso, divertimento e desenvolvimento.
Os conteúdos culturais do lazer podem ser de interesses artísticos (relacionados a imagens, emoções, sentimentos de conteúdo estético na busca pela beleza), intelectuais (busca de informações objetivas, racionais, conhecimento vivido, preso à realidade), manuais (desenvolvendo a capacidade de manipulação para transformar objetos ou materiais e para lidar com a natureza), sociais (procura pelo relacionamento, pelo contato pessoal), físicos/desportivos (atividades onde prevalece o movimento) e interesses turísticos (busca pela quebra da rotina espacial e/ou temporal e pelo contato com novas situações, paisagens e culturas).
Para a vivência desses conteúdos, os equipamentos de lazer não-específicos foram construídos originalmente sem esta finalidade, mas eventualmente cumprem o papel quando, por exemplo, a rua simula uma quadra de esportes ou o espaço escolar é utilizado para o lazer e para a prática de esportes em localidades carentes de equipamentos de lazer específicos.
A especificidade de tais equipamentos ocorre quando são subordinados aos conteúdos culturais do lazer (academias de ginásticas, clubes, resorts, parques etc.) e sua sistematização deve ser feita conforme o conceito, programação, localização, atendimento, público e composição. Os equipamentos de lazer devem atender à população de forma democrática e receber efetiva política de animação cultural, através de agentes socioculturais que cumprem importante papel na sensibilização para usufruto do espaço.
Dentre os equipamentos específicos de lazer, atualmente são comuns aqueles voltados à prática de esportes de aventura. Isso ocorre, entre outros motivos, pela preferência do jovem a este tipo de atividade, pois esse grupo está sujeito ao "lazer mercadoria", de grande interesse da indústria cultural e agências de publicidade. A motivação dos jovens está, principalmente, na busca por novas experimentações.
O fato é que este tipo de lazer nos permite identificar a cultura e identidade dos diversos grupos, chamados comumente de "tribos", com suas relações interpessoais e de gênero, linguagem, vestimenta e música específicas, além de ocuparem espaços físicos denominados pela Antropologia de pedaços: termo que designa espaços intermediários entre o privado (casa) e o público (rua), de ordem espacial e de ordem simbólica (composto de uma ampla rede relações sociais).
Foto: Eduardo Braz Fonte: Revista Nova Escola |
Apesar dos esportes de aventuras parecerem muito distantes da realidade escolar, são conhecidas experiências de adaptações em escola brasileiras, ressignificando o uso dos equipamentos existentes ou aqueles trazidos pelos próprios alunos que já têm contato com este tipo de atividade. Outra opção seria levar os alunos aos espaços que possuem os equipamentos específicos para essas práticas. Tudo isso promove a socialização, a aquisição de novos conhecimentos, experiências e noções de Ecologia, tão valorizada por esses esportes.
Dessa forma, é possível a compreensão das múltiplas experiências do lazer vivenciadas pelo jovem no seu tempo livre, destacando os momentos de acentuada relevância em termos de valores e expressão de signos sociais desta cultura juvenil multifacetada e em constante transformação.
Eduardo Carvalho
Pólo de Praia Grande
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