Informações baseadas nas vídeo-aulas do Prof. Marcos Neira (USP), para o curso de Especialização "Ética, valores e cidadania na
escola" (EVC - USP/Univesp).
Atualmente, a Globalização é uma realidade presente em nossas vidas, contribuindo para a construção de um contexto democrático que se amplia ao redor do mundo, caracterizando as sociedades de forma multicultural. A função social da escola nesta conjuntura está, entre outros fatores, ligada ao currículo, que pode ser definido como toda experiência proposta pela escola, ou a partir dela e, portanto, é uma prática social que forja identidades.
Sobre as teorias curriculares, as tradicionais (ainda resistentes em algumas escolas) objetivam recortar um pedaço da cultura considerada erudita, válida e importante por parte de alguns grupos restritos, e fazer com que essa cultura chegue aos alunos apenas de forma transmissiva, não colocando em questão o valor desses conhecimentos.
A contracultura iniciada nos anos '60 desenvolveu teorias críticas que prosseguiram até os anos '80, questionando o emprego do currículo como instrumento de manutenção das desigualdades sociais. Na sequência desse processo, as teorias pós-críticas, contemporâneas, definem que não são as relações de poder baseadas em classes sociais que interferem na seleção de conteúdos, pois estes incorporam tais questões, mas privilegiam também as de gênero, etnias, crenças, localidades, faixas etárias etc.
Ainda neste contexto, a cultura passou a ser considerada enquanto campo de lutas simbólicas para validação de significados e, dessa forma, a cultura corporal passa a ser toda produção simbólica que envolve as práticas corporais, como um conjunto de conhecimentos que envolve brincadeiras, danças, lutas, ginásticas, esportes.
Fonte: Coxixo |
Dessa forma, ao se construir um currículo, torna-se necessários considerar alguns princípios, como enraizar as diversas identidades existentes na comunidade em torno da escola e, dessa forma, praticar a justiça curricular privilegiando as várias manifestações de cultura corporal. Diversificar experiências para que as diferenças sejam valorizadas, evita o chamado "daltonismo cultural", observando também a ancoragem social dos conteúdos para que o currículo esteja relacionado à vida como um todo, mesmo fora do horário escolar.
Para alcançar este currículo justo e diversificado, é preciso fazer o mapeamento da cultura corporal para que se possam realizar ressignificações das práticas, aprofundamento e ampliação dos conhecimentos, permitindo que, em cada manifestação desta cultura, seja permitido aos que estão nela inseridos reforçar suas experiências, ao mesmo tempo em que outros passam a ter contato com culturas corporais antes desconhecidas.
Eduardo Carvalho
Pólo de Praia Grande
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