Texto escrito com base em vídeo-aula do
curso de pós-graduação semi-presencial
"Ética, valores e cidadania na escola" (EVC - USP/Univesp). As disposições do Prof. Mariconda e de Edgar Morin também foram retiradas deste video.
A prática dita correta da interdisciplinaridade depende do diálogo entre as disciplinas. Apenas trabalhar o msmo tema em cada aula, de forma isolada, não configura a construção de conhecimentos e soluções de problemas a partir da conexão entre as diferentes áreas do conhecimento.
A prática dita correta da interdisciplinaridade depende do diálogo entre as disciplinas. Apenas trabalhar o msmo tema em cada aula, de forma isolada, não configura a construção de conhecimentos e soluções de problemas a partir da conexão entre as diferentes áreas do conhecimento.
Já a transversalidade decorre de uma questão ainda mais complexa, pois coloca em xeque o próprio conceito de disciplinas curriculares. Faz-nos questionar quais são os temas e/ou disciplinas prioritárias em cada sociedade, e até mesmo pensar se há a necessidade da existência de áreas do conhecimentos particulares.
Assim, o desenvolvimento da interdisciplinaridade permite evoluir-se para a transversalidade. A construção prática desses conceitos no ambiente escolar não permite que as etapas sejam ignoradas. Antes de desenvolver projetos com temas que atravessam todas as disciplinas (inevitavelmente existentes) na escola, é necessário que haja um diálogo prévio entre as mesmas. Todo esse processo evolutivo faz com que as disciplinas sejam vistas como um meio para suprir determinadas necessidades de uma sociedade, e não como um fim para tal.
A dificuldade de adaptação a essas novas exigência e visões da Educação provém de séculos em que a especialização do conhecimento foi considerada pela ciência. Desde o método científico desenvolvido por Descartes (século XVII), o mundo é dividido em áreas isoladas do conhecimento. Parafraseando o Prof. Pablo Rubén Mariconda (Faculdade de Filosofia da USP), sobre O discurso do método de Descartes, quando se tem um fenômeno complexo, divide-se o fenômeno em partes para a análise, iniciando das partes mais simples e reconstituindo o fenômeno por ordem crescente de complexidade.
Um dos nomes mais conhecidos em Educação, Edgar Morin (filósofo e sociólogo francês), faz uma crítica a este método e, ao mesmo tempo, denuncia o atraso de nosso sistema educacional, do ponto de vista científico:
“Falando em nosso sistema de educação, um paradigma que chamaremos de ‘simplificação’ que domina o ensino; e para conhecer nós separamos, e reduzimos o que é complexo em simples. Tal visão mutila, inevitavelmente, o conhecimento. O problema então é conseguirmos obedecer a um paradigma que nos permita diferenciar e, ao mesmo tempo, relacionar. É justamente o paradigma que domina o conhecimento na nossa civilização e nossa sociedade, é um paradigma que impede o conhecimento complexo, o conhecimento da era planetária.” (Em entrevista ao programa Universo do Conhecimento, 2005).
“Nosso sistema de educação é um sistema que ensina a separar as coisas, a separar as disciplinas, a separar o homem da natureza, a separar todos. Não ensina a religar, reformar o pensamento: é religar para enfrentar os desafios, que são globais e multidimensionais.” (Programa Opinião Nacional, 1999).
“Falando em nosso sistema de educação, um paradigma que chamaremos de ‘simplificação’ que domina o ensino; e para conhecer nós separamos, e reduzimos o que é complexo em simples. Tal visão mutila, inevitavelmente, o conhecimento. O problema então é conseguirmos obedecer a um paradigma que nos permita diferenciar e, ao mesmo tempo, relacionar. É justamente o paradigma que domina o conhecimento na nossa civilização e nossa sociedade, é um paradigma que impede o conhecimento complexo, o conhecimento da era planetária.” (Em entrevista ao programa Universo do Conhecimento, 2005).
“Nosso sistema de educação é um sistema que ensina a separar as coisas, a separar as disciplinas, a separar o homem da natureza, a separar todos. Não ensina a religar, reformar o pensamento: é religar para enfrentar os desafios, que são globais e multidimensionais.” (Programa Opinião Nacional, 1999).
É claro, mesmo em Educação, não podemos simplesmente descartar a importância de Descartes, pois este pensador tem como ponto de partida a busca de uma verdade primeira que não possa ser posta em dúvida. Por isso, converte a dúvida em método: começa duvidando de tudo, das afirmações do senso comum, dos argumentos da autoridade, do testemunho dos sentidos, das informações da consciência, das verdades deduzidas pelo raciocínio, da realidade do mundo exterior e da realidade de seu próprio corpo.
Portanto, apesar de se saber hoje que não existe uma verdade absoluta, a dúvida e o questionamento da verdade imposta exteriormente levam à formação do cidadão crítico ou, como diria o próprio filósofo, res cogitans ("substância pensante").
Eduardo Carvalho
Pólo de Praia Grande
Um comentário:
Adorei a forma clara de escrita, me auxiliou para uma compreensão mais ampla dos conceitos interdisciplinaridade e transversalidade.
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