Para a Filosofia, o senso moral refere-se a valores (justiça, honradez, espírito de sacrifício, integridade, generosidade), sentimentos provocados pelos valores (admiração, vergonha, culpa, remorso, contentamento, cólera, amor, dúvida, medo) e ações com consequências para si próprio e para os outros.
Em situações onde precisamos julgar e contrabalançar nossos valores (geralmente são situações dramáticas, de extrema aflição e angústia), dúvidas quanto à decisão a tomar são levantadas. Essas dúvidas põem à prova nossa consciência moral, pois exigem que decidamos o que fazer, que justifiquemos para nós mesmos e para os outros as razões de nossas decisões e que assumamos todas as suas consequências, porque somos responsáveis por nossas escolhas.
O senso e a consciência moral referem-se a sentimentos, intenções, decisões e ações originados de opções entre o bom e o mau ou entre o bem e o mal, os quais, por sua vez, referem-se ao nosso desejo de afastar a dor e o sofrimento, alcançando a felicidade.
O senso e a consciência moral dizem respeito às relações que mantemos com os outros e, portanto, nascem e existem como parte de nossa vida social.
De acordo com Piaget, “toda moral consiste num sistema de regras, e a essência de toda moralidade deve ser procurada no respeito que o indivíduo adquire por essas regras". Assim, a pessoa “moral” é aquela que cumpre as regras (formais ou não-formais) da sociedade. Para tanto, é necessário internalizar o respeito às normas da coletividade, num processo que se inicia na anomia, passando pela heteronomia, evoluindo para a autonomia.
A anomia é o estágio em que qualquer indivíduo inicia sua vida social. Desde o nascimento, somos egocêntricos e nossas vontades/necessidades devem ser saciadas de imediato. Com o tempo e o amadurecimento, caminhamos para a heteronomia, a qual se desenvolve a partir da coação e do respeito unilateral, quando cumprimos normas que foram impostas externamente.
Geralmente, não notamos a origem cultural dos valores éticos, do senso moral e da consciência moral (ou seja, a existência moral) porque somos educados em meio a eles, como se fossem eventos naturais, existentes independentemente da ação humana. A naturalização dos padrões morais de uma sociedade garante sua manutenção através do tempo. Dessa forma, oculta-se que a existência moral é uma criação histórico-cultural. A crianças que participam de sociedades que agem dessa forma estagnam-se no estágio da heteronomia, enquanto as que são estimuladas às práticas de cooperação e respeito mútuo têm muito mais chances de evoluírem sua autonomia, através da qual cumprem as normas porque as compreendem como importantes para a vida social, além de desenvolverem a capacidade de criar suas próprias regras de conduta visando (conscientemente ou não) a constante redução do egocentrismo.
Eduardo Carvalho
Pólo de Praia Grande
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